Os benefícios do Mindfulness estão cada vez mais pesquisados, publicados em periódicos de grandes universidades em todo o mundo. Porém pouca atenção tem sido dada aos riscos potenciais, a prevenção de danos às pessoas que estão aprendendo habilidades de atenção plena. Isso exige que saibamos que há tanto benefícios quanto riscos.
Hoje estudiosos da área vêm tentando direcionar para que as diretrizes internacionais sejam aplicadas aos instrutores em Mindfulness. Muitas pessoas participam de um curso ou mesmo um Protocolo em Mindfulness e acreditam já estarem aptos a aplicarem tais ferramentas em seus ambientes de trabalho, ou ainda pior em tratamentos psicoterápicos, processos de coaching.
Para que você entenda melhor vou utilizar uma comparação que costumo falar em minhas palestras: a prática do Mindfulness e o exercício físico, pois em ambos as análises de risco/benefício são mais bem compreendidas.
O exercício físico é uma atividade popular, academias, grupos de corrida, de bike estão por toda parte. Redes sociais, livros e revistas nos dizem como ficar mais fortes e em forma. As campanhas de saúde pública nos incentivam a nos exercitar mais, e os aplicativos que carregamos conosco no celular que aumentam a motivação, mantendo o controle da atividade física. Existem boas razões para esse entusiasmo, pois já é consenso (mesmo para quem não pratica) que o exercício melhora muitos aspectos da saúde física e psicológica.
Entretanto o exercício também apresenta riscos significativos quando praticados sem orientação, ou ainda por excesso, as pessoas torcem as articulações, rompem os tendões e apresentam espasmos musculares dolorosos durante as práticas.
A analogia à prática de Mindfulness não é perfeita, mas serve para entendermos melhor. As práticas regulares e sustentadas de atenção plena são descritas como ajudando a fortalecer nosso cérebro e circuitos atencionais e a mudar a maneira como pensamos e nos comportamos.
Assim como os exercícios físicos, a prática da atenção plena se tornou uma atividade popular. Aulas, vídeos, livros/revistas e aplicativos estão amplamente disponíveis. Embora a literatura empírica seja muito menor do que para os exercícios físicos, temos fortes evidências de que os programas baseados em mindfulness reduzem a ansiedade, a depressão e o estresse e ajudam as pessoas a lidar com doenças e dores (KHOURY Et al., 2013). Alguns estudos mostram que a prática da atenção plena aumenta o humor positivo e cultiva a compaixão por si mesmo e pelos outros (EBERTH E SEDLMEIER, 2012; KHOURY, SHARMA, RUSH E FOURNIER, 2015).
Por outro lado, temos muito poucas informações científicas sobre os riscos potenciais da prática do Mindfulness. Estão surgindo descrições de problemas causados pela prática, incluindo pânico, depressão e ansiedade. Em alguns casos mais extremos, mania e sintomas psicóticos foram relatados. Esses problemas parecem ser raros, mas ainda assim significativos, e requerem mais investigação e orientação.
Pesquisas sobre eventos adversos graves e danos de retiros de meditação estão apenas começando. Há pesquisas em que os professores de mindfulness bem treinados, demonstram melhores resultados e pesquisas preliminares sugerem que não há evidências de danos (Kuyken, Warren et al. & Dalgleish, 2016).
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Se precisar conte comigo!
EBERTH, J. e SEDLMEIER, P. The effects of mindfulness meditation: A meta-analysis. Mindfulness, 3, 174-189, 2012.
KHOURY, B., LECOMTE, T., FORTIN, G., MASSE, M., THERIEN, P., BOUCHARD, V. e HOFMANN, S. Mindfulness-based therapy: A comprehensive meta-analysis. Clinical Psychology Review, 33, 763-771, 2013.
KHOURY, B., SHARMA, M., RUSH, S., e FOURNIER, C. Mindfulness-based stress reduction for healthy individuals: A meta-analysis. Journal of Psychosomatic Research, 78, 519-528, 2015.
KUYKEN, W. ET al. Efficacy of mindfulness-based cognitive therapy in prevention of depressive relapse: An individual patient data meta-analysis from randomized trials. Journal of the American Medical Association: Psychiatry, 2016.